“As melhores ondas são dos surfistas mais antenados, corajosos e ousados”
2011 chegou! Novo ano. Nova década. Há quem diga que essa será a década do Brasil. Economia em crescimento, moeda forte, empresas sólidas, copa do mundo, olimpíadas e por aí vai. “Nunca antes na história desse país” houve tanto otimismo coletivo num início de década, da classe A à Z. Todo mundo cheio de planos, idéias e projetos para o ano que acaba de nascer de parto normal. Pena que a imensa maioria das pessoas vai terminar o ano, e talvez a década, exatamente onde e como está. Sem pegar nenhuma das inúmeras ondas de oportunidades de crescimento pessoal e profissional que virão. E ao final de mais um ano, vão ficar se perguntando por que as coisas não acontecem em suas vidas. - Por que só com os outros e não comigo? Enfim, a válvula de escape dos ressentidos, a eterna atribuição de colocar a culpa na sorte. Sabe por que isso acontece? É simples. Porque a maioria das pessoas não conhece a fundo o conceito de empreendedorismo. E das que conhecem, poucas têm a competência e a coragem de colocar em prática.
Neste fim de ano eu assisti (em alguns casos, pela segunda vez) 16 filmes épicos, além de duas séries, The Tudors (3 temporadas. Fantástico!) e ROMA (2 temporadas. Recomendo!). Comecei em 1.300 a.c, com Tróia, passando por Spartacus, David e Betsabá, Júlio Cesar, Ben Hur (contemporâneo de Cristo), Quo vadis, Constantino e a cruz Gladiador, Cruzada, Rei Arthur, Elisabeth, passando por vários outros e chegando até O último dos moicanos. Foi uma overdose de história. Uns filmes muito bons, outros muito ruins, mas todos igualmente bons para aquilo que eu queria, que era revistar um pouco da História e tentar entender um bocadinho (como diz o meu amigo Luis Rasquilha) melhor porque as coisas são como são. Porque uns chegam lá e outros não. Porque uns entram para a história e outros são esquecidos pela história. Eu a minha mania de querer desvendar o segredo do sucesso. Mas, vamos e convenhamos, isso é muito instigante, não é?
Bom, em 3.000 anos de história, levemente visitadas nestes filmes, nota-se claramente que o ser humano vem, com raríssimas exceções, de fábrica com um chip na cabeça. O chip da ambição. Tratei disso no meu primeiro artigo, como pano de fundo para todas as discussões sobre temas ligados à carreira aqui neste espaço. E se você leu este artigo, sabe que sou fã da ambição. Acho a ambição legítima, impulsionadora e catalisadora. Ninguém cresce sem ambição. Neste artigo eu fiz a enfática ressalva sobre a fronteira, perigosíssima, que todos devem evitar – a da ganância. Esta sim, presente em todos os filmes e séries que citei (Nero que o diga), fez um estrago bem grande e deixou uma mancha de sangue que iria de São Paulo a Tóquio.
Mas um pergunta fica no ar. - Se todos vem mesmo com o chip da ambição, por que alguns crescem e outros não? A minha resposta: Porque uns são empreendedores, às vezes sem saber que o são, e outros não o são em absoluto. E a sua pergunta deve ser: - Mas que raio é isso de empreendedorismo que tão poucos conseguem usar? Por que um tema que ocupa metros e metros das prateleiras de livrarias e cujo conceito é acessível a qualquer um, não é aplicado por todos? Isso também é muito simples de entender. Para isso, vamos analisar esta competência com olhos de engenheiro (Não adianta. O passado condena!). Sem filosofia barata. Vamos ser, simplesmente, lógicos.
O conceito moderno de empreendedorismo é:
“Capacidade de visualizar oportunidades, calcular e assumir riscos, e implantar planos e projetos que gerem valor”
Este é o conceito. Esta é a visão mais moderna sobre esta competência, que foi citada pela primeira vez na França, um pouco antes da revolução industrial. O palavra entrepreneur era usada para designar pessoas ousadas que estimulavam o progresso. Portanto, não estamos falando de nenhuma nova descoberta da humanidade. Nada que acaba de sair do forno de uma pesquisa inédita ou que um gênio descobriu e merece um Nobel. Estamos falando de algo que há gerações, é conhecido por muitos e usado por poucos.
Se você escrever esta frase num pedaço de papel e olhar para ela todos os dias, três vezes ao dia, o que você acha que deveria fazer para ser empreendedor? Pense um pouco antes de continuar. Releia a definição se for preciso...
Bom, analisar a coisa de forma lógica é simples. Se nós destacarmos os pontos principais deste conceito, chegamos aos seguintes atributos, ou seja, fatores que tangibilizam esta competência no dia a dia de uma pessoa e de um profissional:
- Capacidade de visualizar oportunidades;
- Competência para calcular o risco desta oportunidade e coragem para assumi-lo;
- Capacidade de elaborar um plano para aproveitar esta oportunidade;
- Capacidade de implantar o plano criado.
Fica ou não fica mais fácil entender como o conceito de empreendedorismo ser transforma em atitudes? Mais isso é apenas a metade da questão. Até aqui muitos chegam, até porque não resolvi nenhuma equação de 5 variáveis. Até aqui é fácil. E agora? A questão é: - Como colocar isso em prática, 7 dias por semana, 365 dias por ano? E, principalmente, o que vai acontecer com a minha vida se eu colocar isso em prática? Vai doer?
Eu vou escrever um artigo inteiro para cada um dos quatro atributos listados acima. Para ser empreendedor e colher os frutos desta competência, você precisará mudar algumas coisas muito simples na sua vida e outras nem tão simples assim. Mas saiba de uma coisa de antemão. Empreendedorismo é uma ATITUDE. É uma competência comportamental. Portanto, quem quiser (quem quiser mesmo!) pode desenvolvê-la de uma forma incrível. Basta querer. E eu quero explorar cada atributo desses em detalhes e deixar uma série de dicas práticas, já testadas com os nossos alunos da ESAMC em um programa implantado há 3 anos, que funcionam.
Até o próximo artigo, deixo para você um dever de casa. Liste, para cada um dos quatro atributos acima, umas duas ou três atividades que poderiam ser usadas para desenvolvê-los. Topa o desafio? Então faça isso e pense um pouco sobre a atividade do surfe, mesmo que, como eu, nunca tenha subido numa prancha. Este esporte possui as melhores analogias para se fazer sobre empreendedorismo.