“Mesmo ganhando, nunca perca a concentração no objetivo final”
Não sou muito fã de futebol. Nunca derramei uma lágrima por time algum, nem pretendo. Porém, em tempos de copa do mundo, fica difícil de não se envolver. E nesta copa não está sendo diferente. Dedico alguns minutos da minha agenda maluca para acompanhar alguns jogos e ficar por dentro do que rola no mundial. Um dos jogos a que assisti foi Portugal x EUA. Assim que o jogo acabou, empatado em 2 x 2 e praticamente desclassificando a seleção portuguesa, decidi escrever este artigo. Só para lembrar, Portugal só dependia dos seus resultados para se classificar e começou o jogo implacável, marcando 1 x 0 logo no início do jogo. Parecia até que ia pintar goleada. Mas não houve nada disso, porque o time recuou de forma pouco inteligente e passou a jogar atrás, esperando o adversário atacar e deixando o tempo passar, como se o jogo estivesse ganho. Não deu outra. O time dos EUA foi ganhando confiança e, como dizem os narradores, foi “gostando do jogo”. Não só empatou como virou a partida em 2 x 1. Portugal “achou” um gol bem no finalzinho, voltando a empatar o jogo, que acabou com um tremendo gosto amargo na boca dos nossos colonizadores. Após este empate com cara de derrota, o time passou a depender de uma combinação de resultados para se classificar e praticamente começou a arrumar as malas.
Lembrei-me de dois jogos anteriores que assisti nesta copa e que tiveram o mesmo fim. Refiro-me aos campeões mundiais Espanha e Uruguai, que em suas primeiras partidas, contra Holanda e Costa Rica, respectivamente, começaram vencendo por 1 x 0 e adotaram a mesma tática suicida – recuar, recuar e recuar. De novo, achando que o jogo estava ganho, perderam a concentração e sucumbiram. Nestes casos, mais duas derrotas amargas para quem saiu na frente no placar e se acomodou.
Bom, estes três casos mostram, é claro que em outra dimensão - o esporte, o que acontece quando se conta com a vitória antes do tempo. Exemplos como este enchem as prateleiras de casos de fracasso de pessoas e empresas em suas trajetórias. Não é só no esporte que o excesso de confiança custa caro. Achar que está tudo ganho e “tirar o pé” do acelerador ou perder a concentração no objetivo final dá nisso, quase sempre. A derrota adora surpreender e visitar estes desavisados.
Na dimensão profissional, conheci muita gente que adotou a mesma estratégia e se deu mal, muito mal. Na maioria dos casos, vi pessoas se apoiando em resultados passados ou credenciais antigas para acharem que o “jogo atual” seria ganho facilmente como os anteriores. Pura ilusão. Aliás, sei muito bem reconhecer este perfil. São pessoas que passam grande parte do tempo se vangloriando por resultados ou feitos do passado. É como se acreditassem que se conseguiram antes, hoje não será diferente. Esta postura é, além de arrogante, perigosíssima.
O mundo e os desafios atuais não querem saber do que passou, ou do que você fez e deixou de fazer. Eles exigem uma postura forte e concentrada permanentemente. Não se pode, na gestão da nossa carreira, perder a concentração em momento algum. A semelhança com estes três casos que acabo de relatar na copa do mundo é total. Uma vitória em uma primeira batalha, a perda da concentração e do foco nos objetivos maiores e ponto, guerra perdida.
Que fique a lição. Para portugueses, uruguaios, espanhóis e para todos nós, que temos objetivos de carreira e estamos diariamente realizando pequenas conquistas em busca de uma conquista maior. Por mais que o jogo pareça ganho e o inimigo fraco, nunca ache que acabou, porque “o jogo só acaba quando termina”. Até o próximo!