“Um mundo onde pequenos vencem grandes. Hoje”
Como os meus alunos já sabem, sou fã do Malcolm Gladwell. Jornalista inglês, atualmente residente nos EUA, trabalha na revista The New Yorker e é autor de cinco livros, todos fantásticos. Li todos e os recomendo. O legado desse cara é fantástico. Ele escolhe um tema, sai em busca de todas as pesquisas já realizadas sobre o mesmo, analisa e tenta formular um modelo, um padrão de entendimento do fenômeno em questão. Foi assim com a Intuição (Blink – a decisão num piscar de olhos), Sucesso profissional (Outliers – por que umas pessoas têm sucesso e outras não) e assim por diante. Neste início de ano, fomos premiados com mais uma obra fantástica. Trata-se do livro “David e Golias”, já traduzido para o português. O tema agora é “Pequenos x Grandes”. E começa exatamente com a história da famosa luta entre David e Golias. Fiquei absolutamente encantado com as pesquisas e casos apresentados. Tenho defendido arduamente nos últimos anos que estamos vivendo o momento histórico de maior mobilidade social da história da humanidade. Nunca antes os pequenos (em todos os sentidos) tiveram tantas oportunidades como no mundo atual. Pessoas simples, nascidas em famílias simples e sem recursos, hoje podem chegar onde quiserem na pirâmide social e em suas carreiras. Empresas pequenas e que nasceram ontem, estão engolindo gigantes centenárias em menos de uma década. Ou seja, os pequenos estão fazendo um verdadeiro estrago no poder (pseudo) absoluto dos grandes. Formigas estão derrotando elefantes, assim como David derrotou Golias.
Este fenômeno ocorre hoje fundamentalmente por dois motivos. Primeiro, porque o mundo está mais rápido. Tudo hoje acontece numa velocidade brutal e nunca vista. Em um cenário como este, os menores conseguem ser mais ágeis. Quanto maior, mais lento. Empresas e pessoas de muitas posses e muitos recursos, demoram para perceber algumas mudanças. Estão tão preocupadas em administrar o muito que têm, que se esquecem de olhar para o futuro e para o que vem adiante. Em muito casos, quando acordam, é tarde demais. O segundo motivo chama-se proximidade. O mundo está mais próximo. A conexão global através da internet e da queda das fronteiras culturais e comerciais, criou uma tendência chamada “empowerment”, que significa o poder nas mãos das pessoas. Esta tendência comportamental faz com que tudo o que é grande demais perca este olhar e esta capacidade de transferir poder. Mais uma vez, os pequenos ganham força.
Uma edição da revista Veja há dois anos traz na matéria de capa a reportagem “O milionário mora ao lado”, mostrando uma estatística assustadora: 6 brasileiros ficaram milionários por hora em 2010. Estes dados mostram claramente que a tese, que venho defendendo há anos, de que o mundo atual permite que qualquer um, independente das limitações financeiras que tenha, pode chegar onde quiser. Para isso, é necessário um bom plano de carreira e uma capacidade de execução forte. Objetivos claros, preparação técnica e comportamental, redes de apoio (formal e informal) e muita, muita dedicação.
Este é o século XXI. Louco, rápido, às vezes difícil de compreender, mas cheio de oportunidades para quem quer mais da vida e da carreira. Para bons observadores, não é difícil enxergar que gigantes estão caindo todos os dias, derrotados por pequenos mais ágeis e mais inteligentes. Se você é grande, cuidado. Se você é pequeno, mãos à obra! O mundo pode ser seu. Até o próximo!