“Quem não aprender a dizer NÃO terá sérios problemas nesta década”
Tenho escrito e falado tanto sobre “foco” que esta palavra às vezes me cansa. Mas parece que quanto mais falo (ou escrevo) sobre ela, mais pessoas aparecem ignorando-a e me deixando com mais vontade ainda de colocá-la no palco. Só que desta vez quero tratar deste tema com outro olhar. Por um outro ângulo. Assim, quem sabe consigo convencer mais algumas pessoas de que este século premiará mais quem souber dizer não e fazer as escolhas certas.
O pano de fundo é um só: O momento histórico atual, como raramente visto na história da humanidade, está repleto de oportunidades. Oportunidades para quem quer trocar de emprego, para quem quer abrir o seu negócio, para quem quer explorar outros mercados, para quem quer verticalizar seus negócios, para quem quer se internacionalizar, para quem quer qualquer coisa. Uma verdadeira overdose de oportunidades. É tentador viver em um mundo assim. Já perdi a conta de quantas pessoas ou empresas bateram à minha porta para propor projetos a mim e ao meu sócio. Novos mercados, novos segmentos, novos produtos, parcerias, sociedades etc.
Por outro lado, estamos com 7 bilhões de pessoas no mundo, cada vez mais gente entrando no mercado de trabalho e cada vez mais pessoas querendo abrir o seu negócio. Ou seja, uma competitividade também sem precedentes. Com as fronteiras comerciais cada vez mais tênues, a competividade global tem sido impiedosa com as empresas e profissionais amadores. Nunca foi tão crítico ser profissional e muito bom no que se faz. Não dá mais para esconder ineficiências. Nem as empresas nem, muito menos, os profissionais. A competividade está tão grande que hoje o termo “excelência no que se faz” é um imperativo. E é exatamente este nó que quero puxar. Pense um pouco e responda: Quem (em tese) tem mais chances de se tornar o melhor pianista do mundo? Alguém que se dedica 100% do tempo a tocar piano ou alguém que divide seu tempo (e sua energia) em aulas de três instrumentos (ex: Piano, violão e saxofone)? A resposta é quase matemática. E este exemplo está aí, a olhos nus, para quem quiser ver, no mercado em geral. Este mal, de querer fazer tudo e no final não conseguir fazer nada bem feito, atinge uma população que nem sei dimensionar o tamanho. A tentação de nunca dizer não a uma oportunidade nova é, ao mesmo tempo, boa e ruim, que pode se transformar em uma armadilha muito perigosa e que tem “matado” muita gente e muita empresa por aí.
Tenho visto tanta, mas tanta gente e tanta empresa caindo nessa armadilha, que até escrevi uma frase que tenho usado em quase todas as minhas aulas e palestras. “O sucesso hoje e no futuro estará mais associado à nossa capacidade de fazer renúncias do que de fazer escolhas”.
Pense, analise e forme a sua opinião. A minha está formada e duvido que alguém me convença a mudar. Só acredito que terá sucesso, em qualquer coisa que for fazer na vida, alguém de se dedicar com prioridade absoluta a esta “causa”. Este século está sendo, e será ainda mais, cruel com quem não tiver foco. E para se ter foco, é preciso aprender a dizer NÃO. Temos que ter muito claros quais são nossos objetivos e tirar da frente tudo o que estiver no caminho, principalmente as tentações que vão aparecendo diariamente e que nos convidam para “novas oportunidades” e que, na visão de muitos, podem ser conciliadas com os desafios atuais. Não podem! Acredite nisso, não podem! E quem achar que sempre dá para fazer mais alguma coisa, entrar algum outro negócio ou começar uma outra batalha paralela profissionalmente, lamento informar, mas vai se dar mal, muito mal. Escolha algo que goste de fazer, que lhe der prazer e se dedique a isso. Procure ser o melhor ou estar entre os melhores. Ao resto, diga NÃO. Isso vale para tudo, até para as suas escolhas pessoais, como seus amigos e a pessoa com quem você quer construir uma família. Dedique-se a uma única causa, seja ela qual for. Até o próximo!