“Descubra um hábito angular e mude o que quiser na sua vida”
Em 2014 completo oito anos de estudos permanentes sobre planejamento de carreira, desenvolvimento de competências e sucesso profissional. Tenho consciência de que ainda há muito o que estudar, mas também sei que já consegui colocar quase todas as peças deste quebra-cabeça no seu devido lugar. Li quase tudo o que se produziu sobre o tema, entrevistei mais de 100 pessoas que atingiram o topo em suas carreiras e comecei uma jornada recentemente no mundo da chamada neurociência, a ciência que estuda o nosso cérebro e seus padrões de funcionamento. Esta é uma área fascinante e que evoluiu muito depois do surgimento dos exames não invasivos, como a ressonância e a tomografia.
O assunto é tão desafiante quanto amplo. Não há, estou convencido, uma única tese ou uma única área do conhecimento que consiga explicar o sucesso profissional. Quanto mais estudo e quanto mais busco contribuições de áreas diferentes, como a psicologia e a neurociência, vejo que a quantidade de variáveis que montam esta equação chamada “sucesso profissional” é grande e complexa. Mas quem me conhece sabe da minha paixão pelas sínteses. Gosto de tentar traduzir coisas complexas em coisas simples. Gosto de, ao estudar qualquer coisa, enxergar claramente o que posso fazer com aquilo no dia seguinte às 08h da manhã.
Pois bem, hoje quero compartilhar uma síntese muito importante que aprendi ao ler um dos melhores textos que tive acesso em 2013. O livro chama-se “O poder do hábito”, escrito por Charles Duhigg, e que traz uma tese revolucionária de como somos patologicamente comandados pelos nossos hábitos. Este texto, recente e muito bem fundamentado em relação a um importante estudo sobre neurociência, contribuiu muito para reforçar as minhas teses sobre o sucesso profissional, as quais venho defendendo publicamente há sete anos. Bato na tecla diariamente sobre a importância da execução, da disciplina e do foco. Defendo (quase como uma religião) que o sucesso é mais fruto de transpiração do que de inspiração. Este estudo só me deu mais convicção a respeito disso.
O texto fala sobre hábitos, de pessoas, de organizações e de sociedades. Toda a tese é construída a partir de um caso clínico que resultou na descoberta de uma região do cérebro que comanda os nossos hábitos independentemente da nossa memória. O texto é fantástico, sério e provocador. O que mais me tocou neste estudo é a questão dos chamados hábitos angulares.
Tecnicamente, um hábito angular é aquele que tem o poder de iniciar uma reação em cadeia no nosso cérebro e desenvolver outros hábitos. Ou seja, se você quer mudar algum hábito muito importante na sua vida e que dependa de várias pequenas mudanças, não adianta atacar todas de uma vez. Basta descobrir e mudar um hábito angular. Os demais virão a reboque. Um belo exemplo, citado no livro, é o caso de pessoas que querem emagrecer. Quem inicia este desafio, sabe das dificuldades. A maioria das pessoas, quando vai a um nutricionista ou endocrinologista, sai com uma lista enorme de coisas para fazer (ou não fazer). É tão difícil mudar tanta coisa na nossa rotina ao mesmo tempo que a maioria desiste. Já aqueles que conseguem, segundo o estudo, atacar um único hábito (neste caso, simplesmente anotar o que come), disparam este processo e chegam onde querem chegar. Ao conhecer este conceito, fiz uma viagem no tempo passado e vi como isso é verdadeiro. Muitos dos meus hábitos no que diz respeito à minha carreira e às minhas finanças pessoais, começaram com pequenas regras e pequenos hábitos, que foram puxando outros mais complexos e duradouros.
Bom, como 2014 está chegando e muitos querem iniciar o ano com metas pessoais e profissionais, no próximo artigo vou encerrar o ano com duas dicas muito legais de hábitos angulares envolvendo finanças pessoais e emagrecimento. Até lá!