"Atenção: A terceira lei de Newton foi revogada”
Sou engenheiro. Sempre gostei de matemática. Penso logicamente e por processos. Quem me conhece e já trabalhou comigo sabe que sou chato. Obcecado por processos, passo a passo, datas, prazos etc. Às vezes nem eu me aguento. Sou lógico, racional e matemático. Mas uma coisa eu aprendi na vida, na minha trajetória profissional e principalmente com a minha querida mãe, que sempre me disse: - Meu filho, tudo o que você der aos outros, receberá em dobro de volta. Demorei muito para entender isso, ainda mais vindo de uma pessoa que nunca estudou física. A terceira Lei de Newton é óbvia. Toda ação corresponde a uma reação, de mesma intensidade, no sentido oposto. Como assim “em dobro”?
A matemática funciona com números, equações e modelos. Mas na vida pessoal e profissional, nem sempre dois mais dois é igual a quatro. A matemática da vida e da carreira é outra. Não foi ensinada na escola. Pouca gente sabe e aplica. Tem outra lógica e outra métrica. É uma matemática mais filosófica do que numérica. E é nesse detalhe sutil que muitos crescem e muitos morrem. Só quem passa a entender esta “outra matemática” consegue adotar uma postura diferente da grande massa, que adora receber e odeia dar.
Mas afinal, que matemática é essa? O que esse cara, depois de 130 semanas aqui escrevendo sobre gestão de carreiras e competências empresariais quer dizer com a frase de destaque deste artigo? Será que a mãe dele, que nem sei quem é, está certa?
O meu primeiro texto sobre carreira e competências, há quase três anos, foi exatamente sobre isso. A primeira coisa que eu quis fazer quando decidi escrever regularmente sobre o tema foi colocar os pilares no “prédio”, ou seja, criar as bases para uma discussão profunda sobre gestão de carreiras e competências. Todo prédio precisa de pilares. Caso contrário cai, mais cedo ou mais tarde. E o primeiro deles foi exatamente este. Tratei logo de definir e qualificar, da maneira muito clara, a diferença entre Ambição e Ganância. Para mim, quem não tiver clareza em relação a estas duas singelas palavras, já nasce condenado(a) ao fracasso. Se quiser reler o artigo inteiro, envio por email na íntegra.
A ganância significa “perder o controle sobre os desejos”. Em outras palavras, uma pessoa gananciosa não tem limites e não vê o fim em nada. Sempre quer mais. Nunca está satisfeita. Geralmente nunca comemora nada, porque nunca está satisfeita com o que conquista. Quer sempre mais. Passa por cima de tudo e de todos para ter cada vez mais. Não enxerga o outro e não tem a menor noção do que significa “ganha-ganha”. E esta característica está cada dia mais popular e democratizada. Não sei se as minhas lentes andam melhores, mas nunca vi tanto caso de gente se atolando e andando para trás em função de postura gananciosa. Nunca vi tanta gente se queixando desse tipo de postura por parte de chefes, colegas, clientes, fornecedores, colegas, empresários etc. Parece que há uma epidemia de ganância no mundo. Uma pena, porque é exatamente na postura inversa que reside o sucesso.
De um bom tempo pra cá tenho trabalhado muito esta questão nas minhas aulas. É difícil cair a ficha na cabeça de muitos, mas tenho conseguido comprovar com fatos e histórias reais, que ninguém chega ao sucesso sozinho ou sem ajuda. Precisamos de apoio e alguns empurrões. Quem disser que conquistou tudo na vida sozinho e sem apoio é um grande mentiroso. Tinha que nascer de novo, porque não aprendeu nada. A vida não é assim. E para conseguirmos pessoas que nos ajudem a crescer, precisamos nos livrar desse mal chamado ganância. Porque somente sem ele, conseguimos enxergar as outras pessoas e criar um caminho da mão dupla, onde o apoio caminha nos dois sentidos e não apenas na nossa direção. Quem enxerga isso de verdade e age sempre pensando dessa forma construtiva e colaborativa, começa a ver, como disse a minha mãe, que a matemática da vida é diferente. As coisas voltam em dobro.
A ganância não leva a lugar nenhum. Aliás, minto, leva sim. Ao isolamento e ao fracasso. Não entre nessa via. Seja ambicioso(a), mas não cruze a fronteira da ganância. A conta para quem sentar nesse “bar” é bem alta. Nem passe perto. Até o próximo.