“Conhecimento sem atitude é como uma Ferrari com motor de fusca”
No artigo anterior o assunto foi “competências técnicas”. Conhecimentos. Aquilo que se desenvolve estudando, lendo, pesquisando, praticando. Aquilo nos faz passar anos e anos da nossa vida sentados em cadeiras escolares para desenvolver e mostrar para os outros e para o mercado de trabalho que somos “capacitados” em alguma área. Aquilo que nos orgulha quando recebemos um diploma e fixamos na parede (ou no fundo de uma pasta que vai ficar esquecida por anos).
Hoje quero falar do ingrediente que falta no prato chamado “sucesso profissional”. Hoje quero falar de ATITUDES. Em termos modernos e didáticos, competências comportamentais. O ingrediente sem o qual todo e qualquer diploma não serve para nada e não vai levar ninguém a lugar algum.
Você consegue se lembrar de algum (a) colega de escola que era brilhante academicamente, sentava-se na primeira fila, obtinha notas excelentes em todas as provas, era amado (a) pelos professores etc, mas que até hoje ainda não “decolou” profissionalmente? Provavelmente sim. E o contrário? Você consegue se lembrar de alguém que não era lá o aluno mais exemplar, não tinha as melhores notas e nem era o (a) queridinho (a) dos professores, mas que desenvolveu uma carreira de muito sucesso? Pois bem, estes casos existem aos montes e são mais comuns do que imaginamos.
Isso acontece porque sucesso se consegue quando “conhecimento” e “atitude” se unem para produzir resultados. O mundo não premia quem sabe. Premia quem faz. O conhecimento em si, caso não se transforme em algo concreto e com valor percebido, vai para o túmulo com seu dono, sem deixar nenhum legado.
Para tristeza de alguns, às vezes a atitude vale mais e premia mais do que o conhecimento. É bom você entender bem isso para não se frustrar. Quer exemplos? Tenho vários. Vamos começar com uma pesquisa realizada há uns quatro anos por uma importante revista de negócios, mostrando que 39% dos cargos de liderança em empresas brasileiras são ocupados por engenheiros e apenas 25% por administradores. Ora, qual é o curso que “ensina” pessoas a administrarem empresas? Engenharia? Não, Administração de Empresas. Então por que a imensa maioria dos presidentes e diretores não são administradores? Se conhecimento técnico fosse tudo, esta pesquisa mostraria outros resultados, concorda?
Quer mais? Vamos então falar dos nossos dois últimos presidentes da república, cargo que representa o topo de uma carreira política. O Sr. Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, se projetou politicamente em 1994 com um plano econômico. O Plano Real. Ou seja, um sociólogo coordenou um dos projetos econômicos mais importantes daquela década e alavancou a sua carreira de forma tão expressiva que virou presidente, e por dois mandatos. E o que dizer do atual presidente (também com dois mandatos)? Sem sequer ter formação acadêmica superior, chegou ao cargo mais importante politicamente de um país e sai com uma avaliação de um bom governante. O que estes dois sujeitos têm que outros políticos com formação acadêmica e conhecimentos técnicos superiores não têm? A resposta é: Competências Comportamentais. Atitudes.
Para deixar algo bem claro e não correr o risco de ser mal interpretado, quero dizer que não estou aqui “desvalorizando” os conhecimentos, o estudo, as competências técnicas. Muito pelo contrário. Sou um defensor árduo de que ninguém tem, atualmente, o direito de parar de estudar e de se atualizar. O que é claro e evidente hoje é que, a partir de um determinado momento da carreira, algumas atitudes passam a determinar o nível de sucesso das pessoas e as chances de colherem mais ou menos resultados. Estas competências são raramente trabalhadas nas escolas e a maioria das pessoas sequer sabe que elas existem.
NA ESAMC, nós mapeamos estas competências na longa pesquisa que fizemos com líderes empresariais. E chegamos a sete: Empreendedorismo, Ética, Comprometimento, Equilíbrio Emocional, Relacionamento Interpessoal, Consciência da Diversidade Cultural e Flexibilidade. Estas são as sete ferramentas mágicas que fazem com que uns cheguem lá e outros não. Estas são as atitudes que diferenciam os vencedores dos perdedores.
A partir do próximo artigo nós vamos “dissecar” cada uma destas competências, paralelamente com a discussão sobre planejamento de carreira. Mas uma coisa precisa ficar muito clara para você imediatamente. Conhecimento sem atitude não serve para quase nada. Está convencido? Pense nisso.