Artigo 10 – Grupos de competências

por Marcelo Veras | 31 de mar de 2012

Um profissional é avaliado pelo que É, pelo que SABE e pelo que ENTREGA”

 No artigo 2 (Meritocracia), eu comecei com uma pergunta - Por que uns chegam lá e outros não? Neste, defendi veementemente a tese da meritocracia. E quem comprou a idéia de que, no médio e no longo prazo, serão premiados aqueles que investirem em competências, deve estar achando que devo uma resposta para a seguinte questão: - Quais competências me farão ser “premiado”?

Quero começar a responder a esta questão com duas histórias recentes e conhecidas por muitos. A do nosso ex-presidente da república e a do atual presidente. Vamos começar pelo primeiro. Qual foi o projeto que alavancou definitivamente a carreira política do Sr. Fernando Henrique Cardoso em 1994? O Plano Real, lembra? Qual é a formação acadêmica deste senhor? Sociologia. Veja, um sociólogo vira o presidenciável mais forte, ao ponto de ser eleito e reeleito, entre outros méritos, é lógico, devido a um plano econômico. Na sequência, um metalúrgico, sem formação acadêmica superior, também é eleito e reeleito para o cargo político mais importante de um país, e entra para a história também como um bom governante.

Quer mais? Há uns 3 anos li uma pesquisa interessante em uma revista de negócios, mostrando que 39% dos cargos de presidente, vice-presidente e diretor em uma amostra das 100 maiores empresas do Brasil eram ocupados por engenheiros. Uma total inversão de valores, certo? Errado. Estas pessoas, sem exceção, mereceram chegar onde chegaram. E tiveram sim as competências necessárias para ocuparem tais cargos e se destacarem dos seus pares.

Volte neste artigo e leia novamente a frase de abertura. Ela explica tudo. Quem entender isso terá dado o primeiro passo para mudar a sua perspectiva de avaliação sobre a sua carreira e o que o levará a atingir seus objetivos. As três palavras maiúsculas (com mérito) deixam claro que, ao contrário do que muita gente e muitas escolas pensam, o sucesso é decorrência não só de conhecimento, mas também de atitudes e, principalmente, de resultados. É como se a carreira fosse uma corrida de aventura e você precisasse de três mochilas nas costas. O vencedor será sempre aquele que tiver com mais recursos nestas três mochilas. Vamos abrir cada uma delas.

Na primeira, estão as competências técnicas. Os conhecimentos necessários para se exercer cada profissão e ocupar um determinado cargo. Estudar, se dedicar, ter boas notas e se atualizar sempre fazem parte deste contexto. No mundo competitivo em que vivemos quem parar de estudar está morto. As mudanças tecnológicas, sociais, políticas e econômicas fazem com que novas formas de se gerenciar os recursos mudem do dia para a noite. E quem achar que as linhas que colocou no currículo até agora garantirão alguma coisa no futuro, vai dançar. Portanto, as chamadas competências técnicas são fundamentais e o investimento contínuo em educação deve ser tão óbvio como é óbvio comer todo dia. Entre as competências técnicas de cada área do conhecimento, destaco e falarei nos próximos artigos sobre algumas que são ignoradas por muitos. Raciocínio analítico, raciocínio lógico, raciocínio crítico, língua inglesa, língua portuguesa, entre outras.

Na segunda mochila estão as chamadas competências comportamentais. Ou seja, as atitudes, os padrões de comportamento no ambiente profissional. Na longa pesquisa que fizemos na ESAMC com líderes empresariais, nós mapeamos 7 competências. Entre elas estão Empreendedorismo, Ética e Equilíbrio Emocional. Tratarei de cada uma delas neste espaço em breve. Estas competências funcionam como o gatilho que faz com que o conhecimento deixe de ser uma mera poupança mental, um acúmulo de conhecimento sem utilidade. Conhecimento sem atitude não serve para quase nada.

Na terceira e última, estão as chamadas competências gerenciais. O resultado das duas anteriores. O SABER FAZER. Aquilo que produz o resultado, como decorrência de bons conhecimentos e atitudes corretas. Este grupo é composto por 9 competências, entre elas estão: Negociação, Trabalho em Equipe, Liderança, Tomada de Decisão e Etiqueta Empresarial.

O resumo da ópera é quase uma equação matemática. SER + SABER = SABER FAZER. Em outras palavras, resultado é igual a conhecimento + atitudes.

Agora analise friamente os casos dos nosso dois ex-presidentes, e veja claramente que o que os levou até lá não foi, prioritariamente, conhecimento técnico, e sim, atitudes e resultados. Eles montaram boas equipes de técnicos e se concentraram em liderar estas pessoas e em usarem suas competências comportamentais (atitudes) para implantarem seus projetos e atingirem seus resultados.

Aqui começamos uma longa jornada na nossa discussão sobre competências e sucesso. Vamos explorar cada uma dessas 16 competências e seus impactos na carreira e na vida. E faço um convite para você. A partir de hoje, enxergue a jornada profissional como uma corrida de aventura, onde a regularidade é mais importante do que o arranque. Onde a visão de médio e longo prazo é mais importante do que o dia de amanhã. E, finalmente, onde os vencedores chegarão com três mochilas cheias nas costas.

por Marcelo Veras
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