“Ambição constrói. Ganância destrói”
Caro leitor,
Hoje começo a produção de uma série de reflexões e discussões sobre temas ligados a Carreira, Competências e Sucesso.
Confesso que pensei muito sobre qual seria a melhor estrutura e sequência dos tópicos a serem tratados. E decidi que, antes de mais nada, precisamos colocar um pano de fundo em toda e qualquer discussão sobre o tema. Este pano de fundo servirá para que você, ao ler e pensar sobre a sua carreira, a sua vida e o seu futuro, tenha em mente “onde quer chegar e porque quer chegar”. Estou convencido de que grande parte dos insucessos profissionais e pessoais se dão em função da falta de percepção de limite. Muitas pessoas querem simplesmente porque querem. Não conseguem visualizar um sentido para as coisas e não conseguem nunca enxergar um limite para seus desejos e sonhos.
Desta forma, entendo que um bom começo seja discutirmos a diferença entre ambição e ganância.
“Ambição constrói. Ganância destrói”
O mundo atual é cheio de oportunidades. Nunca, na história da humanidade, se teve tanta oportunidade como nos dias atuais. A mobilidade social hoje é infinitamente maior do que era nas sociedades agrícola e industrial. A nossa chamada “Sociedade da informação” gera milhares de novos ricos todos os dias. O mundo capitalista nos convida todo momento para batalharmos pela geração de riqueza, pela conquista de novos bens e de uma vida melhor. O dinheiro é fundamental hoje para quem quer usufruir de tantas coisas boas disponíveis no mercado.
Não há mal nenhum nisso. É absolutamente legítimo querer ter sucesso, querer ganhar mais, querer comprar mais. Ninguém deve ter vergonha de querer mais e melhor. Isso vale não somente para a questão financeira, mas também para todos os demais aspectos da vida, inclusive nos relacionamentos com outras pessoas. Todos nós temos o direito de querer evoluir.
Este desejo intenso de alcançar um determinado objetivo chama-se ambição. Pessoas ambiciosas são pessoas que querem mais. Querem crescer. Enxergam um passo a mais. Batalham por mais. São inquietas com o status atual das coisas. Esta característica, embora às vezes interpretada erroneamente, é uma das qualidades mais desejadas hoje no mercado de trabalho. O nível de competitividade atual não permite mais nenhum tipo de acomodação de pessoas e empresas. E quem tem ambição, aliada às competências necessárias para executar projetos relevantes, sai na frente e se destaca.
Portanto a ambição, no seu sentido mais genuíno, é uma característica boa e comum aos vencedores. O problema acontece quando a ambição cruza a fronteira mais perigosa na sua jornada, a fronteira da ganância.
De uma forma simples, a ganância é a perda do controle sobre os desejos. Acontece quando nós não enxergamos mais o fim. Quando tudo vira um estado inicial, mesmo que tenha sido colocado como linha de chegada no início. As pessoas gananciosas cortam do seu vocabulário a palavra “Objetivo”. Elas não têm mais objetivos claros, mensuráveis, orientados no tempo e suficientes. Nada mais é suficiente. Tudo vira pouco.
Quando isso acontece, a estrada do fracasso começa a ser percorrida. E poucos enxergam que acabaram de entrar nela. A ganância invade a cabeça de tal forma que a pessoa embarca nesse caminho sem volta e não sai mais. É como se fosse uma droga. Tira a lucidez. Tirar a percepção de ética. Elimina a capacidade de perceber e respeitar o outro e a sociedade. Normalmente, quando a ganância comanda a cabeça, as pessoas são capazes de tudo para terem mais, mesmo sem ter a menor noção do que fazer com aquilo. Até a hora do tombo, de testa no chão.
Eu não sou a melhor pessoa para aconselhar ninguém sobre nada, mas este assunto me intriga há muito tempo. Ao longo da minha carreira e nas 7 empresas pelas quais já passei, vi muito. Assisti muitas coisas e muitas quedas por este motivo. E confesso que isso me dá medo. Como qualquer ser humano, limitado e sujeito a todas as mazelas da vida, digo que o meu maior medo hoje é o de perder o controle sobre os meus desejos. Eu não quero cair nunca nessa armadilha. E me concentro muito nisso.
De tudo que já li sobre o assunto, compartilho com você algumas dicas de como ficar longe da ganância. Pense e veja se funciona com você.
1 – Estabeleça objetivos para cada “projeto”. E quando alcançar, pare!. Comemore. Diga em alto e bom tom que o final chegou. Que a linha de chegada está ali. Se achar que dá para ir mais longe, inicie um novo projeto, com um novo objetivo. E pare quando alcançar de novo. Comemore. Nunca emende um no outro como se fosse o mesmo, sem linha de chegada.
2 – Ao estabelecer um objetivo, concentre-se no “porquê”. Pergunte-se “n” vezes . Por que eu quero isso? Pra que? O que vou fazer com isso?. Se o objetivo envolve dinheiro, tenha claro o que vai fazer com ele. Dinheiro por dinheiro não tem sentido. O dinheiro é um meio e não um fim. Se objetivo é ser mais feliz num relacionamento pessoal (amizade, namoro ou casamento), pergunte-se por que. Pra que.
3 – Tenha clareza sobre o que você tem hoje. É muito comum perdermos a noção do que temos e colocarmos tudo na vala comum, mesmo que tenhamos um tesouro nas mãos. Há vários ditados por aí que tratam disso. “Nós só damos valor quando perdemos”. “Olhe para o lado e veja que tem muita gente pior do que você. Valorize o que tem”. E por aí vai. Eu não gosto muito de ditados, mas estes cabem aqui. Pare e veja o que você tem, o que conquistou. Analise como você estava há um tempo atrás ou quando começou a carreira e liste as suas conquistas. Olhe para quem está ao seu lado (amigo(a), namorado(a), esposo(a) e liste as suas qualidades). Ou seja, não perca a noção de “onde está”. Perder isso é dar o primeiro passo na estrada da ganância.
Na minha visão, este assunto merece muita reflexão. Quem tem controle sobre os seus desejos consegue ir mais longe. Pense nisso!